À minha bebé mais nova

Eu - Estás preparada? 
Eu - Não.
Monólogo de fim de licença de maternidade.

Está a terminar o nosso tempo sempre juntas. 
Quero dizer-te que adorei esta lua de mel. 
Sei que soube a pouco, mas tem de ser.
Vou te pedir uma coisa. Uma não, várias...

Tal como aconteceu com cada um dos teus manos, já guardei o teu cheiro de acabadinha de nascer. Já é meu.
Agora vou inspirar o teu perfume de bebé, e levá-lo sempre juntinho ao peito, como os fios de prata que uso pendurados. 
O teu respirar quando dormes, barulhinho bom quase imperceptível, pode ficar gravado?
Só comigo?
Os sorrisos desdentado, as gargalhadas sentidas e as mãozinhas a apertarem-me a cara com vontade de me morder, deixas-me guardar tudo numa caixinha em forma de coração? Tu escolhes a cor...
O toque dos teus cabelos finos, macios como as algas do mar, posso roubar? 
E as preguinhas nos teus pulsos, e as covinhas nos cotovelos, no veludo que é a tua pele, posso tatuar na minha pele? 

Vá lá, minha carneirinha, não quero lágrimas! fiz assim com os teus irmãos, e eles já têm asas para levantar voo...
Não vai custar nada, a mamã ainda não saiu e já está quase a chegar!
Dou-te ao mundo, mas tu sabes...vais ter sempre lugar no meu colo.
Eu deixo-te a minha imagem refletida no fundinho dos teus olhos cinzentos, prometes que me levas contigo para casa da avó? 
...eu prometo levar-te comigo...




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