Dia de olhar para o céu. 14 de abril foi o dia de olhar para o céu.
E eu pergunto se não serão todos os outros. Ou deveriam ser.
Porque faz-nos falta a criancice de levantar a cabeça, "perder" um bocadinho do nosso tempo a observar um infinito azul, pintalgado de nuvens que teimávamos que mais pareciam elefantes sem orelhas, tortos comboios fantasma ou o puxo do cabelo cinzento da avó Lurdes. Porque faz-nos falta reconhecer, por entre o negro da noite, a palidez dos mares na lua cheia e rirmo-nos das estrelas a brilharem de inveja.
Perdemos a missão de enfrentar de cabeça erguida a água da chuva sem compromisso, e deixar entrar as pingas grossas no colarinho da blusa e no cabelo, e beber água diretamente da chuva, diretamente do céu.
Já nem nos lembramos de imaginar o fim e o ínicio dos arco-íris, ou de voltar a sonhar com uma viagem até à Islândia para nos deslumbrarmos com as auroras boreais.
E quando viajamos de carro temos de voltar a fazer a mesma pergunta - porque é que a lua nos persegue?
Mas acima de tudo, faz-nos falta sentir que todos fazemos parte deste céu, que somos pó de estrelas e de todo o resto que existe lá em cima.
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