Jet Lag

Esta falta de rotinas dos miúdos nestes 3 meses, provoca uma espécie de alteração dos ritmos biológico/práticos de todos cá em casa, por exemplo por mais que tente, não consigo deitá-los às 22h, nem acordá-los às 7h30, sem me rosnarem um "Mamã, estou de férias!".

Quem nos vale ainda são os avós ou os tios que vão dando a ajuda possível, sem termos de recorrer a programas intensivos de férias, e de forma a que os miúdos consigam estar connosco pelo menos ao final do dia.

O verão também significa aniversários - a mais pequena é a ÚNICA da estação fria, 
colher legumes da horta, ervas aromáticas, frutos dos arbustos e das árvores, 
banhos de mangueira enquanto se rega o jardim nos fins de tarde, passeios nos campos e jantares no pátio,
ver o pôr do sol,
dançar nos concertos ao ar livre,
mergulhos no rio, 
amigos em casa, 
amigos fora de casa,
dormir na cama de rede por ser insuportável o calor, 
este ano ainda mais completo com o nascimento de um afilhado tão lindo, e o casamento de uma amiga tão amiga... 

E o ínicio de setembro é sinónimo de viagem longa de carro para as ansiadas férias em conjunto, apenas com o horário para a praia; gomas e bolas de alfarroba (quase) sem restrição, mar, mar, e mar, raramente sopa e muito muito peixinho fresco.

Alice Vieira no poema abaixo, diz que o verão é o único lugar onde guardamos os sonhos...






Fim de Verão

ainda há pouco o sol durava muito.


ainda há pouco das minhas mãos 

escorria o sumo das amoras quentes
e as velhas da casa diziam 
que era preciso ter cuidado 
porque fazia mal.

ainda  há pouco o mar

cabia todo nos meus olhos
e no fim da praia havia um príncipe
que iria esperar por mim
a vida inteira.

ainda há pouco o Verão

era o único lugar onde podíamos
guardar os sonhos.

Alice Vieira


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