Fala-nos de mansinho e sussurra o meigo canto dos passarinhos da manhã.
Faz miminhos entre a espuma das ondas geladas num arrepio bom num dia de calor.
Nas árvores conversa connosco quando faz o vento ranger os ramos vazios de folhas e agitar-nos os cabelos.
Assusta-nos se rola a neve na montanha.
Irrita-se e aquece os invernos. E aquece o Pólo norte. E irrita os ursos polares.
Revolta-nos os nervos se as chuvas gritam para os rios devorarem as margens, e ensoparem os pátios, e levarem coisas que não tornamos a ver.
Ralha-nos e nós choramos, porque sabemos que também temos culpa, porque sabemos que estamos a ser castigados, porque fizemos asneira, porque não aprendemos...
E a natureza desculpa, porque é mãe. E volta a falar-nos de mansinho e a sussurrar-nos brisas ao ouvido.
E amanhã fazemos tudo de novo.
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| últimas cheias no dia 10 de janeiro de 2016 em que o rio Ferreira parece o Douro |
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