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o mar numa concha...

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em outubro 24, 2014

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Ai, como eu gostava, de ter um dia, nervos como os cabelos destas meninas.

De ferro.

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Quando mais precisamos, eles estão lá.... Fotografia de um amigo - Tiago Peixe - na foto as nossas filhas mais velhas, também elas amigas "Sonhei que assistia ao meu próprio enterro, a pé, caminhando entre um grupo de amigos solenemente vestidos de luto, mas com um humor festivo. Todos parecíamos felizes por estarmos juntos. E eu mais do que ninguém, devido a essa grata oportunidade que a morte me dera de estar com os meus amigos da América Latina, os mais antigos, os mais queridos, os que não via desde havia mais tempo. No final da cerimónia, quando eles começaram a ir-se embora, tentei acompanhá-los, mas um deles fez-me ver com terminante severidade que para mim a festa acabara. "Tu és o único que não pode ir-se embora", disse-me ele. Só então compreendi que morrer é nunca mais estarmos com os nossos amigos." Gabriel Garcia Marquez, 1992 Doze Contos Peregrinos

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Neste dia especial presto a minha homenagem às mães e aos pais que perderam os seus bebés com uma mensagem que escrevi aos meus pais, avós de um bebé que não nasceu, em junho 2020. Mãe, Pai, escrevo este texto para vos contar o que não consegui dizer ontem no meio de tanta alegria. Desculpem. Não consegui. É difícil. O bebé que vos anunciei, entre lágrimas que teimavam em saltar-me nervosamente dos olhos, o bebé que crescia no meu ventre, escolheu deixar-me. Devagarinho, sem sinais, apenas com uma ligeira dor, mas ontem confirmei no hospital. "deixou de se desenvolver há 2 semanas", disse a médica. E eu, deitada, olhando para o ecógrafo, à espera de ouvir o bater do coração, que nunca mais batia. Respondi que era a natureza a trabalhar...e engoli um soluço, por trás da máscara. E é a natureza, tenho de aceitar, e tenho de levar a vida para a frente, os meus meninos para a frente, o meu trabalho para a frente. O Pedro está desolado. Ainda bem que os meninos nunca souberam, f...

À minha bebé mais nova

Eu - Estás preparada? Eu - Não. Monólogo de fim de licença de maternidade. Está a terminar o nosso tempo sempre juntas. Quero dizer-te que adorei esta lua de mel. Sei que soube a pouco, mas tem de ser. Vou te pedir uma coisa. Uma não, várias... Tal como aconteceu com cada um dos teus manos, já guardei o teu cheiro de acabadinha de nascer. Já é meu. Agora vou inspirar o teu perfume de bebé, e levá-lo sempre juntinho ao peito, como os fios de prata que uso pendurados. O teu respirar quando dormes, barulhinho bom quase imperceptível, pode ficar gravado? Só comigo? Os sorrisos desdentado, as gargalhadas sentidas e as mãozinhas a apertarem-me a cara com vontade de me morder, deixas-me guardar tudo numa caixinha em forma de coração? Tu escolhes a cor... O toque dos teus cabelos finos, macios como as algas do mar, posso roubar? E as preguinhas nos teus pulsos, e as covinhas nos cotovelos, no veludo que é a tua pele, posso tatuar na mi...

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